Instituto Mamirauá participa de Curso Internacional de Manejo de Áreas Protegidas, nos EUA
Publicado em: 17 de setembro de 2019
Curso reconhecido internacionalmente tem duração de um mês e mescla conteúdo teórico com vivências em áreas protegidas do oeste estadunidense
Oferecer intercâmbio de experiências e aprendizado prático e teórico em gestão de áreas protegidas é a principal meta do Curso Internacional de Manejo de Áreas Protegidas, promovido desde 1990 pelo Centro de Manejo de Áreas Protegidas da Universidade Estadual do Colorado em parceria com a Oficina de Programas Internacionais do Serviço Florestal dos Estados Unidos.
A 29º edição do curso aconteceu do dia 2 de julho ao 4 de agosto na cidade de Fort Collins, em Colorado, e contou com a presença do geógrafo e pesquisador do Instituto Mamirauá, Caetano Franco.
A formação é voltada a profissionais de instituições governamentais e não governamentais, universidades, centros de capacitação e órgãos do setor privado que trabalham em planejamento e gestão de áreas protegidas de paÃses hispânicos.
Além do Instituto Mamirauá, a WWF-Brasil e o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE) foram algumas das organizações representadas pelos cinco brasileiros do curso que contou com 24 participantes. Destes, 22 provenientes de paÃses latino-americanos e 2 de paÃses africanos.
A ementa incluiu disciplinas sobre governança, uso público, capacitação e captação de recursos na gestão de áreas protegidas. A programação foi dividida em aulas teóricas sobre conceitos, princÃpios, métodos e técnicas de manejo e visitas guiadas a áreas protegidas com especialistas do assunto.
As unidades visitadas estão localizadas nos estados de Colorado, Utah e Wyoming, na região Oeste dos Estados Unidos, onde se concentra a maior parte das áreas protegidas de grande extensão do paÃs. A área também tem a maior variedade de categorias de gerenciamento, governança e financiamento e de nÃveis de uso de áreas protegidas.
Os profissionais conheceram parques e monumentos nacionais, reservas federais e estaduais de uso múltiplo, incluindo locais que contam com atividades de exploração e manejo de recursos naturais.
As visitas proporcionaram aos participantes um panorama abrangente de novos modelos de gestão de áreas protegidas. Foi verificado, por exemplo, como o turismo pode alavancar o desenvolvimento de áreas do entorno dessas unidades e como são feitas as diferentes concessões de uso público.
Entre os locais destacados por Caetano, está o Parque Nacional da Montanhas Rochosas (Rocky Mountain National Park, em inglês), um parque 1,074.28 km² que, de acordo com o geógrafo, mostrou-se exemplo em infraestrutura e relacionamento entre setor público e privado na gestão. "São milhões investidos no parque e outros milhões gerados", diz.
Na Área Selvagem de Rawah (Rawah Wilderness, em inglês), os participantes tiveram contato com o manejo de animais em áreas remotas, onde se busca impacto mÃnimo nas visitações.
Outro local visitado foi o Monumento Nacional do Dinossauro (Dinosaur National Monument, em inglês). "São cinco dias descendo o Rio Verde de bote. Só é permitida a descida de 25 pessoas por grupos e é uma lista de espera grande para visitar", relata o pesquisador. Ao final, chega-se a um museu construÃdo em cima de uma formação geológica com ossadas de sete espécies diferentes de dinossauros – uma das principais atrações do monumento.
Conhecimento aplicado para a América Latina
"O curso foi importante para entender como se trata e se faz conservação em um paÃs desenvolvido, onde se tem mais investimento público e envolvimento da sociedade. Ter contato com mecanismos modernos e novas maneiras de governança em áreas protegida é muito benéfico. A troca entre os participantes também foi muito importante", afirma o pesquisador.
Um dos objetivos do curso é proporcionar um ambiente de compartilhamento de experiências entre os representantes das instituições. Diariamente, foram realizadas dinâmicas e exposições temáticas.
Em um seminário organizado para os participantes, Caetano mediou o tema ‘Comunidades e Povos Locais’. O pesquisador também apresentou seu trabalho de pesquisa sobre a participação social na gestão de áreas protegidas, com foco no sistema de vigilância comunitária das reservas de desenvolvimento sustentável Mamirauá e Amanã.
"Forma-se e reúne-se, assim, ideias coletivas sobre áreas protegidas, aplicadas à realidade da América Latina", avalia.
Centro de Manejo de Áreas Protegidas e o Instituto Mamirauá
Não foi a primeira vez que a equipe do Centro de Manejo de Áreas Protegidas da Universidade Estadual do Colorado teve contato com o trabalho realizado pelo Instituto Mamirauá na região do Médio Solimões, na Amazônia Central.
O codiretor do centro, Jim Barborak, visitou duas vezes a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, uma das principais áreas de atuação do Instituto Mamirauá.
O especialista em áreas protegidas foi o responsável por conduzir a avaliação de campo da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês) e da UNESCO como parte do processo de inscrição da reserva na Lista do Patrimônio Mundial.
Na segunda visita, participou de uma reunião sobre planejamento de corredores ecológicos em larga escala com o fundador do Instituto Mamirauá, José Márcio Ayres, a quem definiu como ‘uma grande inspiração’.
"Desde então, acompanho a gestão da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá com grande interesse. Para mim, foi um grande prazer ter Caetano Franco em nosso curso e ouvi-lo sobre os importantes avanços, em conservação, desenvolvimento comunitário e turismo sustentável na reserva. Congratulo todas as comunidades locais, pesquisadores, ONGs e membros das equipes de conservação estaduais e federais que colaboram para tornar Mamirauá um modelo de desenvolvimento sustentável na Bacia Amazônica", relatou Barborak.
A participação do pesquisador no curso foi financiada pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (US Forest Service, em inglês).
Texto: Júlia de Freitas
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